sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Meu primeiro mochilão, São Thomé das Letras. Parte 3

Pessoal, voltando para continuar a terceira parte da viagem com vocês. Se você não leu a parte 1 e nem parte 2. Clique aqui e ali, para ler o que aconteceu em Lavras e Varginha. Antes de chegar em São Thomé das Letras, vamos continuar de onde paramos.

Acredito, que esse texto vai ser a penúltima parte. Vamos? Bora!
----------
                                                              
Varginha

Certeza, se eu me olhasse no espelho eu me veria totalmente pálido. Pô, perder seu celular do nada, com um monte de registro bacana. Quem não enlouqueceria naquele momento? Todos, né não? Não estava na minha mochila, bolsos. Onde estava então? "Pensa, Bruno!" - Ficava martelando na minha cabeça.
Pensei em ligar para ele. Não ia rolar! Ele não tinha bateria mais. "Porra, que bosta de celular que nunca fica carregado"- Claro, se eu fosse menos viciado no celular, ele não estaria com a bateria viciada. Pensei em refazer os meus passas. Isso, talvez isso ajudasse.

Quando fui dar um passo para trás, me esbarrei com uma senhora. Ela tinha mais ou menos uns setenta anos, sei lá. Enfim, pedi desculpas. Ela disse que não tinha problema e me contou que eu tinha deixado cair o celular quando fui arrumar meus bolsos, tentou me chamar e não conseguiu. Agradeci, fiquei sabendo onde o ônibus ia sair, pela frente. E fui para Três Corações...

Três Corações

Cheguei na rodoviária era 18:00 em ponto. Poderia explorar a cidade? Sim, tinha uma hora e quinze de folga. Dessa vez resolvi ficar quieto. Fui no banheiro,sai, entrei numa lanchonete, botei meu celular para carregar e tomei café. Fiquei mexendo no celular até que desse a hora de ir pra cidade mais aguardada.
Deu a hora, entrei no ônibus e como das outras vezes fiquei na janela. Aliás, coincidentemente minha poltrona era a de número dezoito barra dezenove de novo. Louco, né? Acho que vou jogar no bicho depois dessa. Olha, vi uma cena interessante na janela do ônibus. Uma menina, inquieta, esperava alguém descer do ônibus. Seria algum namoradinho? Olha, se fosse ia ser bem romântico. Ou era algum famíliar? Se fosse, seria emocionante demais!

Enfim, de lá saiu uma outra menina. A garota que esperava na rodoviária dava uns gritinhos, parecia que iria chorar de emoção. – Que massa! Nunca vi reencontro assim. Só naqueles filmes ou naquela serie do GNT de chegadas e partidas- pensei comigo. Elas se abraçaram! As duas estavam sorridentes, animadas e foram embora do lugar conversando. Não eram namoradas. Estava na cara! Se fossem, qual o problema?  São amigas que aparentemente muito tempo não se viam. Ah... A saudade! Faz um buraco no peito bem feito. Com um abraço, uma troca de energia sela tudo. Enfim, seguimos em frente. O ônibus partiu rumo ao meu sonho principal.

São Thomé das Letras
O ônibus partiu pouco depois das 19:30 e ali estava cheio. Ótimo! Não estava sozinho naquela viagem de um dia que estava prestes a terminar. Percebi que  na mesma poltrona  do começo: 18 barra 19. Depois dessa vou começar a jogar no bicho esses dois números. Na poltrona ao lado tinha um casal, conversei rápido com ambos e eles estavam vindo de São Paulo. Eles disseram que seria a primeira vez na cidade e já tinham reservado um Hostel na cidade. Bacana! Acho que sou o único doido ali. Indo às escuras! Só achar uma Pousada quando chegasse lá. Enfim, no caminho olhava direto pela janela e fazia frio demais. Estranho! Até pouco tempo estava quente e o clima começou a mudar para gelado. Caralho! Nem cheguei e já estava congelando. E outra, as estrelas estavam mais brilhantes do que o normal. Será a tal ‘’ energia da cidade’’ influencia isso?  Pelo sim ou pelo não.... Curioso!                                                             
Cheguei! Não tinha noção de horário. Meu celular como sempre tinha morrido.  Minto, minutos antes de chegar na cidade eu tinha perguntado uma menina que estava no banco de trás. E ela respondeu: 20:45. Sim, eu lembro ainda. Pronto, desci na rodoviária. Ali era um lugar diferente das outras rodoviárias. Não tinha paredes! Claro, só no guichê. Tinha cercadinhos de madeira. Enfim, chega de muitos detalhes. Pronto, estava na rua. Estava um pouco nervoso e ansioso. -Para onde ir? - Pensei comigo. Por incrível que pareça eu estava bem calmo. Muito por sinal!

 Perguntei uma menina e uma mulher que também tinham acabado de descer do mesmo ônibus que o meu – Se ela já tinha  vindo pra cá antes e qual era a melhor pousada-. Ela disse que já tinha vindo três veze e todas pousadas que ela ficou são boas. Não deu nomes, agradeci e elas foram embora. –Putz! Agora é me virar e foda-se - Pensei comigo. O casal de São Paulo que tinha conversado dentro do ônibus, tinham subido uma rua, viraram e foram reto em busca do lugar que tinham encontrado. Parei de segui-los quando vi que a rua era toda de pedra e eu estava com dificuldade em andar. Porra! Estava complicado andar no meio da rua e acabei indo pro passeio. 

Achei engraçado que: De dez casas que eu olhava, onze eram Pousadas. Aliás, de vários trejeitos e nomes engraçados. Gostei de uma: Estava com as luzes apagadas. Não chamei por vergonha. Vi outra e senti um pouco de medo. Era uma casa hippona, saca?  Medo bobo de primeira viagem. Logo a frente vi um prédio-cortiço que tinha o nome de: Sol e Lua. Iria ser ali! Gostei demais do lugar, nome e ambiente. Chamei o moço, conversamos e uma característica diferente que eu posso dizer: O moço da Pousada tinha um olho torto. Longe de mim criticar! Era uma coisa que era percebido de imediato. Enfim, fiz minha inscrição ali mesmo. Acho que ele meio se assustou quando disse que estava sozinho, haha. Enfim, peguei minha chave e tive uma surpresa. O quarto era de número 19 e ao lado era o quarto 18. Caralho! Seria um sinal? Para quem não se lembra: Eu sempre ficava nas poltronas 18 ou 19 nos ônibus. Enfim, entrei. Coloquei meu celular para carregar, liguei a televisão e infelizmente pegava apenas um canal. Era sobre política. Porra, To fora! Pelo menos tinha wifi. Fui tomar banho. Terminei, liguei para minha mãe dizendo que tinha chegado e era nove e trinta quando olhei no relógio.                                                                      

 Me arrumei e fui conhecer a cidade, que estava bem movimentada por sinal. Fui a procura de comida e tinha em mente: Pizza! Sempre ouvi falar que elas são boas por lá. Achei um estabelecimento que tinha e de quebra estava tocando Maneva, minha banda preferida, haha. Pedi uma Pizza media. Iria me arrepender por comer aquilo sozinho. Foda-se, não ia me preocupar com regime ali e agora. Comecei a sentir muito frio! Realmente, aquela cidade faz muito frio a noite. Tinha saído pra rua com uma bermuda e uma camisa. Ia comer e voltar pra trocar de roupa. Realmente, comer pizza sozinho não é pra mim. Comi apenas o recheio e fiquei com receio de deixar no prato. O que ia fazer com aquele resto?  Até que surgiu minha ajuda para terminar aquilo. Um cachorro! Para quem não sabe. São Thomé é um lugar cheio de cachorros vagando pelas ruas e diferente daqui, são bem cuidados e só latem com carros por e sempre são vistos dentro dos estabelecimentos. Coloquei o nome temporariamente de: Cid. Ele entrava, eu jogava pra ele e saia. Isso foi repetida cinco vezes. Fim
Voltei pra minha pousada, botei uma calça jeans e uma blusa de frio que tinha trago. Fui explorar a cidade. Anteriormente, perguntei a moça da pizzaria se era seguro ir na Pirâmide a noite. Ela disse que é bom evitar e para uma primeira vez não é seguro. Acha que escutei os conselhos?  Não! Fui a procura da famosa pirâmide. Olha, não fazia ideia de onde ficava. Sabia que era só subir reto a famosa Igreja da Matriz que eu chegaria lá. Enfim, fui seguindo meus extintos para chegar lá. Não tinha ninguém na rua! Vi três pessoas, duas meninas e um menino com cobertores nas costas. Pensei: 
-Eles devem estar indo para lá! Vou segui-los! –
                                                                     

Segui eles até certo ponto e depois disso me perdi deles. Estava entrando numa rua escura. Pensei em colocar o capuz do moletom junto com o boné que eu já estava usando. Sei lá, passou pela minha cabeça que ninguém tentaria me assaltar. –Se em Divinópolis, todo mundo fica com medo de gente com trajes assim, por que aqui seria diferente? - Não vi ninguém nesse meio tempo. Pronto, cheguei! Pelo menos eu acho que era a Pirâmide. Estava escuro! Tinha no total de cinco carros ali e jovens bebendo e conversando no maior pique. Só com a luz do porta malas acesa. Vi que não conseguiria aproveitar nada no momento e não me arriscaria subindo em pedras no meio da noite para achar o lugar que eu queria.

Minha pretensão era voltar para a pousada e o caminho de volta parecia um labirinto. Do nada comecei a me sentir sozinho e um vazio que eu nunca senti antes no peito. Solidão? Não sei. Precisava de alguém para conversar urgente. Continuei andando e do nada escuto tocar Legião Urbana no violão e o som estava vindo de um bar ali perto. Cheguei, vi uma moça hippie que aparentemente tinha uns vinte e poucos anos e uma estatura mediana. E ao lado dela tinha um cara do tamanho dela e estavam ali para vender as artes. O moço do bar que tocava e cantava ao mesmo tempo.

Fiquei ali, sentado e tentando puxar assunto com a moça dos rastafáris enquanto rolava a música.
-Moça, você é dona do bar? - Perguntei meio tímido
-Não, não. Só estou vendendo minhas artes. O dono é ele! -apontava para o cara que tocava violão- Você precisa de algo? 
-Não, to não. To meio perdido! É minha primeira vez na cidade e então to tentando conhecer o lugar.
-Ahhhh tá... Bacana! - Ela se sentou, levantou de novo e perguntou sobra minha garrafinha de agua que estava na minha mão- Isso é agua que passarinho não bebe? 
Achei a expressão engraçada. Já tinha ouvido falar dela algumas vezes. Respondi que não, ela sorriu e voltou a se sentar.
Lembrei do Ventania. Horas mais cedo tinha perguntado uns três garotos perto da igreja onde ele morava e ele disseram que era perto de uma estátua e perto da pirâmide.
-Moça, desculpa te interromper de novo. Sabe onde mora o Ventania? - Perguntei com a imensa vontade encontra-lo ali, agora. – Queria conhecer ele e tal.
-Beleza, vou te levar até lá! - Ela disse rindo 

Ela chamou o namorado, se despediu do dono do bar e fomos para a casa do famoso: Ventania. Olhei no relógio e eram exatamente 1:30 da madrugada. –Caramba! Nem acredito que to acordado ainda. - Comecei a ficar animado. Notei que o namorado da menina tinha um volume nos peitos. Eita! Despistadamente, perguntei o nome do namorado dela. Ele disse que não gostava do nome e disse que se chamava Paçoca. Batemos um papo legal ali, na porta do Ventania e nem percebi que tinha chegado. Ele era de Minas mesmo, a cidade não me recordo o nome. Ela, era de São Paulo. Também não me recordo o nome. Dava para notar bem o sotaque dela. Estavam na cidade há cinco meses.
Ela gritou cinco vezes seguidas: ‘’Ventania!’’- Olhei no relógio do celular e eram 1:55. Disse a ela para não chamar, pois era tarde. Ela disse que não tinha importância, fazia isso sempre e ele atendia numa boa sempre as pessoas em qualquer horário. Ele não atendeu, casa estava fechada. Durante a conversa descobri que a menina hippie estava gravida. Depois de tanto insistir comprei um cordão de uma pedra do meu signo: Touro!

Enfim, me despedi. Voltei para pousada já eram 2:05. Capotei! Só sei que queria acordar no dia seguinte bem cedo e ver o sol nascer na famosa pirâmide.
Fim da primeira parte de STDL
-----
Espero que tenham gostado da parte de São Thome. Não aconteceu nada de interessante até aqui. Aguardem a segunda parte dessa cidade. Inté!


Nenhum comentário:

Postar um comentário